Danny Boggione alerta para possível regressão na luta por equidade no Afeganistão após retorno do Talibã ao poder

Danny Boggione alerta para possível regressão na luta por equidade no Afeganistão após retorno do Talibã ao poder

No Dia Internacional da Igualdade da mulher, a ativista e porta-voz contra o tráfico de pessoas analisa a situação dos direitos das mulheres com o retorno do grupo fundamentalista Talibã ao governo do Afeganistão

 

Direito ao voto, condições igualitárias de trabalho e representatividade política. Aparentemente básicos, esses direitos precisaram ser conquistados pelas mulheres por meio rupturas sociais ao longo do último século — isso quando se analisam apenas os países do Ocidente. Ao trazer essas questões para o Oriente Médio, a igualdade das mulheres em relação aos homens ainda dá passos lentos e instáveis.

Comemorado neste 26 de agosto, o Dia Internacional da Igualdade da Mulher marca a luta por equidade em diferentes esfera sociais desde 1973, mas neste ano tem um significado ainda mais simbólico: mulheres do Afeganistão temem que os poucos direitos conquistados ao longo do últimos 20 anos sejam derrubados pelo grupo fundamentalista Talibã, que voltou a governar o país após 20 anos longe do poder.

Porta-voz da luta contra o tráfico humano nas redes sociais, a influenciadora Danny Boggione desenvolve trabalhos sociais envoltos na questão das mulheres há 20 anos na Turquia e explica que grande parte dos países do Oriente Médio, como o Afeganistão, usam a Lei Islâmica baseada em interpretações da Sharia para governar ou ditar as condutas sociais. “As interpretações da Sharia variam entre os países muçulmanos e o Talibã segue uma interpretação particularmente rígida dessa lei”, afirma,

Nessa interpretação dura da Sharia seguida pelo grupo Talibã, as mulheres se restringem ao papel da casa e do marido. “Durante a tomada de poder no último dia dia 14 de agosto, o grupo militante islamico afirmou que encoraja as mulheres a voltarem ao trabalho e permite que as meninas voltem à escola, o que seria um grande avanço se comparado ao governo Talibã da década de 90, quando mulheres eram confinadas em casa, proibidas de ver TV ou ouvir música mediante a pena de execuções públicas”, explica Danny Boggione.

A ativista aponta que o status legal das mulheres no Oriente Médio ainda é bastante instável e que a volta do Talibã ao poder no Afeganistão pode representar rupturas na luta por igualdade de gênero na região, mas que ainda é cedo para afirmar. “Em sua primeira entrevista à imprensa desde a tomada de poder no Afeganistão, Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã , afirmou que o novo governo observará os direitos das mulheres dentro das normas da lei islâmica, mas sem dar muitos detalhes”, analisa a porta-voz contra o tráfico humano.

Possíveis regressões de direitos como a oposição à poligamia do marido, transitar na rua sem a tutoria de um homem, estudar e fazer uso obrigatorio do hijab estão entre os pontos que mais preocupam as mulheres do país, bem como a comunidade internacional. “Embora existam organizações feministas na região, elas tendem a ser pequenas e não tem uma contribuição significativa para o processo político. Algumas reformas modestas nas leis de proteção às mulheres foram colocadas em prática recentemente, como o aumento da idade de casamento da noiva e a exigência de consentimento da mesma”, alerta.

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