Ensino de línguas estrangeiras no Brasil ainda é ineficiente, afirma professor Rodrigo Prado

Ensino de línguas estrangeiras no Brasil ainda é ineficiente, afirma professor Rodrigo Prado

O professor doutor Rodrigo Prado aponta que o ensino de línguas deve ser mais adaptável às individualidades do aluno e com foco em conversas do cotidiano e não em construções gramaticais

Os sotaques podem até ser variados, mas a língua que une as 470 milhões de pessoas e as 21 nações possuem o espanhol como idioma materno — segundo o levantamento do Ethnologue, conduzido pelo Summer Institute of Linguistics — é uma só. Em um contexto econômico onde a globalização influencia nas lógicas de mercado, aprender esse idioma abre portas.

No Brasil, a estimativa do Governo é que até 2025, 30 milhões tenham o espanhol como segundo idioma. O professor chileno Rodrigo Prado é doutor em Ciências Empresariais e Sociais pela Universidade de Ciências Sociais e Empresariais da Argentina (UCES) e analisa que essa meta pode não ser atingida por conta da metodologia que domina o ensino de línguas no país.

“Eu vejo alguns professores ensinando espanhol pouco prático, com frases ou palavras que ninguém usa no dia a dia, isso é perder tempo e ser pouco eficiente. Na vida real as pessoas usam palavras mais comuns, gírias e até criam termos para referir-se a alguma coisa. Então precisamos estar conectados com a linguagem cotidiana”, diz Prado.

Segundo ele, apesar de frequentarem as aulas, muitos estudantes saem prejudicados pela pouca absorção do conteúdo, além de perderem oportunidades, visto que de acordo com pesquisa divulgada pela InfoMoney, profissionais fluentes em espanhol recebem, em média, 29,72% a mais.

A posição geográfica e econômica do Brasil também deve ser considerada. “A tendência é que a exigência do espanhol seja cada vez maior, especialmente com as interações comerciais entre os países do Mercosul. E ainda que o momento econômico não seja dos mais inspiradores, especialmente pelo isolamento social causado pelo coronavírus, espera-se que ao final do período as empresas voltarão a fazer contratações. A preparação agora, pode ser o ponto de virada para um salário melhor após a pandemia”, comenta o professor.

Muita informação, pouco aprendizado

O chileno Rodrigo Prado analisa ainda que apesar da internet representar uma grande quebra de barreiras quando o assunto é aprendizado de línguas estrangeiras, o excesso de informações também pode acabar não ensinando nada. “Se você está procurando como aprender espanhol na internet, centenas de páginas e artigos aparecerão explicando porque você não aprendeu, dicas, frases, como pronunciar, como ser fluente em três meses e assim sucessivamente, mas ninguém diz especificamente como adquirir o espanhol”, analisa ele.

O mesmo acontece no mundo “real” do brasileiro, onde segundo Prado há anos se fala em aprender espanhol ou inglês, mas com uma lógica mercadológica que visa mais o lucro da escola que o ensino. “Muitos falam da importância de se conhecer uma segunda língua, da quantidade de portas que o idioma abre e da relevância que tem na hora de olhar para um emprego, mas ninguém propõe algo específico para adquiri-lo”, aponta.

A solução para isso? Diagnosticar os erros e introduzir uma metodologia mais flexível. “Temos que entender duas coisas, existe um problema e uma solução para adquirir o espanhol. Em relação ao primeiro, tem a ver com a situação atual que é: quantidade de alunos na sala, diferentes níveis de espanhol do curso, diferentes ritmos de aprendizagem que os alunos têm, excesso de gramática, longas sessões de estudo, um espanhol muito técnico, e tudo isso com uma metodologia tradicional ultrapassada”, analisa.

Por outro lado, a guinada para um ensino mais eficiente se concentraria em “sessões breves, porque os adultos têm coisas para fazer, trabalhar, estudar, família.  Aceleração da aprendizagem de vocabulário cotidiano com técnicas de memorização, focando individualmente no ritmo do aluno”, completa o professor doutor.

 

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